sábado, 2 de maio de 2009

Planejamento do ensino em música




Quais são elementos presentes na música? Quais as formas de vivenciar a música? Como se aprende música? O que pretendemos com o ensino de música nas escolas? Quais são as nossas metas e objetivos? Por que ensinar música nas escolas?
Quando se escolhe começar um texto com perguntas, muitas das vezes, é porque seu autor não sabe como respondê-las, sendo que em todo o texto tais respostas podem ou não surgir, ou o que também é provável: depois de ler o texto redigido por tal autor, o leitor, cujo entendimento é sempre variável, ser mutante, acabar por ter mais dúvidas do que certezas. Pois bem, as perguntas com as quais comecei o texto, não são para serem respondidas de imediato, não precisa ser agora, mas é importante que comecemos a pensar nelas, e mais importante ainda: não se esquecer de tais indagações jamais. Pois estaremos falando de possibilidades ou dimensões das vivências a serem contempladas no planejamento do ensino da música. E, sinceramente não sei se você que está lendo este texto, que deve ser um educador musical, ou não, concluirá a leitura com as respostas que expus acima resolvidas. Saiba apenas que desde já existem várias possibilidades.
Para começarmos nossa busca por respostas podemos começar “ao planejarmos nossa prática docente, fazemos uma série de escolhas e precisamos estar conscientes delas e saber fundamentá-las”. Ou seja, primeiramente é importante sabermos quem somos e o que queremos da vida e conseqüentemente, quais são nossos objetivos como profissionais? “Para ensinar música, precisamos ter claro o que entendermos como sendo música, precisamos definir quais são os elementos ou dimensões que a constituem e quais são as formas de vivenciá-la”. Então é assim, definindo quais os conteúdos, num sentido mais amplo, definir como serão nossas aulas de música. Por exemplo, como podemos distinguir os elementos da música com elementos do som? Ora, o som é matéria-prima da música. Porém “é condição mínima, embora não suficiente, para que algo seja considerado música”. Os elementos do som são: altura, duração, intensidade e timbre. Organizando tais elementos, estamos começando a praticar a linguagem musical. E “é a intenção de fazer ou de ouvir música que nos permite diferenciar sons que constituem música daqueles que não constituem” .
Ao praticarmos música, seja ouvindo ou fazendo, estamos nos relacionando com os parâmetros do som de forma mais específica e subdivida: Intensidade passa a ser, por exemplo, forte, fraco, crescendo etc. Da mesma forma o timbre, que é uma voz humana ou instrumental única, uma qualidade, que só tal voz produz: cada ser-humano, tem um a voz única, que é também uma espécie de marca, assim como os instrumentos musicais. Só fagote tem o som do fagote, existem instrumentos que podem aproximar-se de sua sonoridade, mas como o fagote, só o fagote e assim para todos os outros instrumentos. Todos elementos predispostos e subdividos são ferramentas que podemos usar quando nos dispomos a compor, cantar, improvisar ou até mesmo ouvir vivenciando a música, tais ferramentas recebem, segundo Swanwick, a definição “materiais”. De tal modo que organizando estes materiais e observando como se desenvolvem e se contrastam em frases, períodos e partes é que começaremos a trabalhar também com expressão e forma. “Materiais, Expressão e Forma constituem um ponto de partida para definirmos os elementos musicais – ou, mais especificamente, os elementos sonoro-musicais – a ser contemplados em nossos planejamentos e desenvolvidos em nossas aulas”.
Não esqueçamos, porém, que toda esta vivência musical com todos os elementos que permeiam música perpassam por toda uma rede social, cheia de significados e funções, pois “é no mundo social que definimos e convencionamos o que consideramos música, quais a s formas de vivenciá-las e de aprendê-las e quais as funções e usos de determinada peça ou estilo musical. Portanto, a aula de música não pode tratar a música como um objeto destituído de significados e funções sociais.”
Precisamos então ser antes de tudo críticos, auto-críticos, no melhor sentido da apalavra, e tornar, aos poucos, nossos alunos também em críticos e auto-críticos, pois este não é um desafio apenas da disciplina música e sim, de toda a escola e toda a sociedade.
Sejamos então conscientes de nosso papel enquanto educadores, antes mesmo de educadores musicais, pois as perguntas do início do texto não precisam ser respondidas de imediato, não precisa ser agora, mas é importante que já comecemos a pensar nelas.
Quando tive conhecimento da sigla C. L. A. S. P. que para o português foi traduzida para T. E. C. L. A., criada por Keith Swanwick (FOTO), para mim foi como um achado de um tesouro, pois considero que a sigla traduz, quando estudamos o significado de cada letra da sigla o que precisamos estudar e fazer para sermos bons musicistas e/ou bons educadores musicais: Técnica, Execução, Composição, Literatura e Apreciação são também ferramentas que nos auxiliarão nas respostas da perguntas iniciáticas do texto.



Argentino Campos de Melo Neto

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