quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Os 50 maiores vídeos de arte no YouTube

YouTube é mais conhecido por seus vídeos offbeat que se tornam sensações virais.
Mas entre seus milhões de clipes é um tesouro de raras e fascinantes filmagens artísticas, amorosamente enviado por fãs.
Ajesh Patalay (foto), "pusblish" do The Guardian seleciona 50 dos melhores.
Algumas pérolas: estréia na TV do Joy Division, leituras por Jack Kerouac, um Marlene Dietrich, primeira apresentação de Madonna ... e muito mais... ...muito mais mesmo...

Vale um clique, aqui.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Blogagem Coletiva Dia dos Professores



Como na imagem acima, o professor, Mestre está em cordas bambas se equilibrando e equilibrando os alunos. Sinto que a educação, é o ponto de equilíbrio de uma sociedade ou nação. Todos os países desenvovidos investiram arduamente em educação, digo arduamente porque não é o caminho mais fácil para um governante, isto é, para termos educação como prioridade, dependemos de todos, para elegermos uma pessoa realmente comprometida com a educação. Muitas vitórias recentes nos motivam a continuar nossa caminhada, por exemplo a Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008, que altera a LDB vigente, determinando o ensino de música como "componente curricular obrigatório" do ensino de arte (Brasil, 2008).

Esta é uma das vitórias, existem outras, mas uma das mais significantes ainda não conseguimos, que é um reconhecimento da sociedade para com a classe, ainda não ganhamos bem, ainda não somos reconhecidos como uma classe promissora se compararmos com outras profissões,não é um lamento, mas ainda não conseguimos ultrapassar esta barreira.



Nos resta a esperança de dias melhores, mas são verdades que não podem ser esquecidas. Assim como as verdades de Paulo Freire:

Verdades da Profissão de Professor

"Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua na luta pelo seu trabalho.



A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda." (Paulo Freire)

Cabe então, para nós educadores, a seguinte pergunta, qual é o papel da escola neste cenário? Alguns caminhos nos revelam o sentido da educação dentro de um mundo cheio de contradições. É aí que a escola tem seu papel de reestruturação, embora se discuta bem mais sobre isso do que se faça realmente algo. A família, o meio social juntamente com a escola, precisam exercer sua função social, mais ainda que função, missão. Precisamos saber o porque que escolhemos a educação para nosso meio de trabalho, pois, a esfera ideológica assume grande importância enquanto elemento de coesão social. Para o mercado capital trata-se de uma mercadoria (Desculpem-me as universidades Particulares) como outra qualquer e isso é uma das razões que provocam nos países uma certa correria para uma reestruturação. O que torna mais democrático o sistema educacional é promover formas consensuais de tomada de decisões. Chega a até doer de tão triste é perceber que o Brasil segue fielmente a recomendação do Banco Mundial de investir mais em equipamento e meios físicos em detrimento do professor. Outra pergunta: Como é possível melhorar a qualidade do ensino sem investimentos de qualificação dos profissionais?

É isso minha gente, minha contribuição em homenagem ao nosso dia, tão especial para muitos dos brasileiros. Viva os Professores! Viva os blogs Educativos! Feliz ideia do blog Ponderantes de Postagens Coletivas.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O som subterrâneo que o teu silêncio Chama

Em 2005 fui contemplado com uma bolsa de pesquisa do IAP -(Instituto de Artes do Pará) para realizar o projeto "O som subterrâneo que o teu siêncio chama" no qual musiquei alguns poemas do poeta paraense Max Martins.
Disponibizo alguns destes poemas e suas respectivas interpretações sonoras para download.

Uma estrela trêmula

Tuas antenas trêmulas
O som
(subterrâneo)
que o teu silêncio chama

A palavra nenhuma que trazes para o almoço. Pães e peixes
Para quem?

E o poema redemoinha no sono que rasgas.
Como rasgas esta noite enrolada em si mesma.

É entre centelhas que plantas o teu jorro.

É entre espinhos e pedras virgens que celebras essa estrela. Todos os astros.

Voz: Argentino Neto
Contrabaixo: Maurício Panzera
Piano Elétrico & Orgão: Argentino Neto
Guitarra & Bateria: André Macleury
Efeitos: Waldiney Machado

Uma estrela trêmula.mp3


O poço

Tranqüilamente
ela permanece
a doação

Vozes: Argentino Neto, Tereza Ribeiro,
Alcir Meireles e Cleyson Duarte
Flauta: Alcir Meireles
Clarinete: Márcio Carvalho
Trompa: Paulo Castro
Piano Elétrico: Argentino Neto
Contrabaixo: Maurício Panzera
Guitarra: André Macleury
Percussão & Efeitos: Waldiney Machado

O poço.mp3


Meditação para Bashô

Pedra
Penetra o silêncio
Solitária pedra-silêncio

A cigarra penetra o silêncio A voz
A voz solitária A pedra O templo A cigarra
O templo A cigarra penetra o silêncio: A voz solitária

A voz solitária A pedra O templo a cigarra penetra
A cigarra penetra o silêncio: A voz solitária
Solitária pedra: O templo A cigarra
penetra o silêncio: A voz

Pedra-templo
Silêncio

Voz: Marisa Brito
Flauta: Alcir Meireles
Clarinete: Márcio Carvalho
Trompa: Paulo Marques
Piano Elétrico & Orgão: Argentino Neto
Contrabaixo: Maurício Panzera
Guitarra & Bateria: André Macleury
Percussão: Waldiney Machado
Poema incidental “Ao mais antigo silêncio”

Meditação para Bashô.mp3

Dependendo das respostas, críticas e comentários... ...posto aqui, o cd na íntegra.

domingo, 4 de outubro de 2009

Gracias a La Vida! Gracias Mercedes!


Em mim deixa saudades, sabendo que Mercedes Sosa é uma mulher evoluída espiritualmente. Um espírito bom que usou o dom maravilhoso de cantar com sua voz carismática e arrepiante. Quando ouvimos Mercedes sentimos algo muito bom. Um sentimento de união. Um sentimento de unidade, de pertencimento.

Pertenço a um continente abençoado, por sua exuberante natureza, por sua fraterna comunidade. E abençoados somos por termos o privilégio de nascermos e vivermos nossas vidas em uma região onde viveram e vivem pessoas iluminadas que claramente percebemos que cumprem uma missão. Certamente Mercedes Sosa, nesta vida de cantora cumpre, com honra. Espírito Iluminado. Gracias a La vida Mercedes Sosa.
Na letra de "Solo le Pido a Dios (Eu Só peço a Deus)" que diz assim:"Que a morte não me encontre um dia Solitário sem ter feito o q’eu queria".
Sinto que Mercedes pôde nesta vida fazer o que quis fazer. Pela sua alegria, pelo seu sorriso, pelo seu entusiasmo e esperança em mundo melhor, mais Unido como percebemos nesta canção.

Canção con Todos



Sempre temos uma predileta e a minha é desde sempre "Solo le Pido a Dios (Eu Só peço a Deus)"
que convido-te a ler a letra e refletir, refletir.
Por isto nesta não colocarei em anexo o vídeo.
Penso que vale ir atrás desta música e ouvir.

"Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o q’eu queria

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucada brutalmente

Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda fome e inocência dessa gente

Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não o esqueça facilmente

Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganando
Pra viver uma cultura diferente"

Agradecido a Mercedes por tudo o que pode fazer nesta vida e em todas as que hão de vir. Cantando com maestria pela libertação - num sentido mais amplo da palavra - dos povos da América Latina.
Gracias a La Vida! Gracias Mercedes!



Gracias!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Blogagem Coletiva - Dia do Professor


Grandiosa ideia de blogagem coletiva do blog Ponderantes, especialmente quando o tema nos interessa tanto.
Aderi ao movimento e se chegaste até aqui não custa nada também participar.
Como? Informe-se Aqui

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Carta a um jovem poeta

Uma leitora do Blog muito querida, tão querida que vive comigo há dez anos. Enviou-me esta carta de Rilke para ser postada. A idéia é refletir comparando a prática poética e a prática docente. Boa Leitura, boa reflexão. Tereza, muito grato por tudo, penso que os leitores irão gostar...



Rilke, “Cartas a Um Jovem Poeta”, primeira carta, de 7 de Fevereiro de 1903)
“O senhor envia os seus versos às revistas literárias, compara-os com outros versos, e sente-se inquieto quando algumas redacções recusam os seus ensaios poéticos. Pois bem, já que me permite aconselhá-lo, devo exortá-lo a renunciar a tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente isso o que não deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar. Ninguém... Não há senão um caminho: procure entrar em si mesmo. Esquadrinhe o seu íntimo até descobrir o motivo que o impele a escrever. Procure saber se esse motivo mergulha as suas raízes até ao mais fundo da sua alma. E, procedendo à sua própria confissão, interrogue-se se morreria se lhe fosse vedado escrever? Diante de tudo isto, pergunte a si mesmo na hora mais calada da sua noite: "Devo eu escrever?” Escave e aprofunde dentro de si uma resposta. Se for afirmativa, se puder responder àquela pergunta tão séria com um firme e simples: "Sim, devo!"; então, erga o edifício da sua vida de acordo com esta necessidade. A sua vida, até na sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho desse impulso. Aproxime-se então da natureza, e tente dizer, quase como se fosse o primeiro homem, o que vê e sente, ama e perde. Não escreva, evite escrever, versos de amor. Nos seus primeiros passos, subtraia-se a formas e temas demasiado correntes, porque são os mais difíceis; já que é necessária uma grande dose de força e maturidade para poder contribuir com algo de si num domínio onde já existem uma infinidade de bons legados, alguns deles brilhantes. Por isso, livre-se dos motivos de índole geral. Recorra aos que em cada dia lhe oferece a sua vida. Descreva as suas tristezas e anseios, os seus pensamentos fugazes e a sua crença em algo de belo; e exponha-o por completo com uma sinceridade íntima e humilde. Utilize, para o exprimir, as coisas que o rodeiam. E as imagens que povoam os seus sonhos. E tudo quanto vive na sua memória. E se o seu quotidiano lhe parecer pobre e sem interesse, culpe-se a si mesmo, por não ser suficientemente poeta para conseguir descobrir e desvelar as suas riquezas. Porque, para um espírito criador, não há pobreza, nem tampouco lugar algum que lhe pareça pobre ou indiferente. E mesmo que você se encontrasse num cárcere, cujas paredes abafassem todo e qualquer eco do mundo exterior, ainda assim você teria consigo a sua infância, essa infância que encerra uma riqueza preciosa e digna de reis, um camarim onde estão refundidos os tesouros da memória. Volte a sua atenção para ela e procure fazer ressurgir as imensas sensações desse vasto passado. Assim, verá como a sua personalidade se afirma, como se expande a sua solidão, convertendo-se numa remansosa morada de penumbra enquanto ecoam num sussurro longínquo as vozes e os ruídos das outras pessoas. E, se deste mergulhar em si mesmo, deste submergir-se no seu próprio mundo, nascerem prontamente alguns versos, então, não sentirá qualquer necessidade de perguntar a alguém se eles são bons”.



Conselhos Sábios de Rainer Maria Rilke que atravessam os tempos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Edital de Patrocínio Basa 2010


Essa é especial para os amazônidas
Saiu o Edital do Basa para projetos culturais 2010
Mais informações:http://www.basa.com.br

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sand Arts

Conheci a pouco tempo.
Espero que gostem assim como eu.


Esta abaixo é dedicada aos portugeses que tem visitado diariamente nosso blog.
Grato pelas visitas. Aguardo comentários.



Argentino Neto

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Terceirização



Recebi do amigo Edson Saraiva e considero que cabe uma reflexão.

Esta é a mensagem que os professores de uma escola da Califórnia decidiram gravar na secretária eletrônica da escola.
A escola exige dos alunos e dos pais responsabilidade pelas faltas dos estudantes e pelo trabalho de casa. A escola e os professores estão sendo processados por pais que querem que seus filhos sejam aprovados mesmo com muitas faltas e sem fazer os trabalhos escolares.
Aqui a mensagem gravada:

"Olá! Para podermos ajudá-lo, por favor ouça todas as opções:
- Para mentir sobre o motivo das faltas do seu filho - tecle 1
- Para dar uma desculpa para seu filho não ter feito o trabalho de casa - tecle 2
- Para se queixar sobre o que nós fazemos - tecle 3
- Para insultar os professores - tecle 4
- Para saber por que não foi informado sobre o que consta no boletim do seu filho ou em diversos documentos que lhe enviamos - tecle 5
- Se quiser que criemos o seu filho - tecle 6
- Se quiser agarrar, esbofetear ou agredir alguém - tecle 7
- Para pedir um professor novo, pela terceira vez este ano - tecle 8
- Para se queixar do transporte escolar - tecle 9
- Para se queixar da alimentação fornecida pela escola - tecle 0




Mas, se você já compreendeu que este é o mundo real e que seu filho deve ser responsabilizado pelo próprio comportamento, pelo seu trabalho na aula, pelas tarefas de casa, e que a culpa da falta de esforço do seu filho não é culpa do professor, desligue e tenha um bom dia!"

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Dia do brinquedo


Trabalho também na rede particular, então observo que muito de mesus alunos não respeitam o dia do brinquedo, ou seja, o combinado é que na sexta feira é dia de levar brinquedo e como dou aula nesta escola. (sou professor volante: uma aula por semana em cada turma), de segunda a quarta e vejo muitos deles com brinquedo nestes dias e até mesmo dentro da sala de aula. Os pais insistem em permitir e alguns professores a fingir não ver. Aqui em casa tenho um filho de 5 anos que só leva o brinquedo na sexta, é uma alegria para ele neste dia, torna-se especial, pra ele é o dia de levar o brinquedo. Deste modo ele valoriza e aprende desde cedo a respeitar as regras e os limites. Pena que nem todos pais ainda não pensaram nisso.

PSP: O preferido

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O futebol é uma arte II



A primeira pergunta é: porque o futebol é uma arte?

Pela plástica, pelo movimento, pela dança, pela estratégia, pelo raciocínio...


A Plástica da imagem, o movimento.
... a platéia (Torcida) que é um show à parte e toda a emoção.


Torcida do Papão no Mangueirão

Aliás hoje o que falta mais nos jogadores é esta emoção de ter realmente um sentimento pelo time que defende. Infelizmente os atletas são demasiadamente profissionais, ou seja, apenas pensam em seus salários, entram em campo pensando no seu futuro, em outros contratos, sempre muito práticos. Claro que há exceções, mas são raras, especialmente nos jogadores dos grandes clubes.
Nós que admiramos a arte futebolística só não sabemos explicar racionalmente porque torcemos para nossos times de coração.


Caio, Anônimo e Eu, final de campeonato: Papão Campeão.

Se tem platéia, tem espetáculo, tem emoção, tem arte. O futebol é uma arte. O futebol é uma arte.


veja o movimento, o chutão que o zagueiro vai dar

E o Gol, Goooooooooool


Piração Total

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Por que não fazer isto na escola?

A observação que faço, quando vejo este vídeo "Cuidado, tinta fresca" é que podemos fazer muito mais com nossos alunos. Penso que podemos ousar mais e possibilitar vivências experimentais em arte. Também a comunidade seja ela o bairro, a escola, é carente deste tipo de experimentação. Só os professores de arte é que podem propor este tipo de atividade para um "não-artista". Experimentemos. Façamos acontecer.

Por que não fazer isto na escola?

Vídeos de Arte/Educação/Arte-Educação do Youtube


Caros leitores estou interessado em disponibilizar cada vez mais, os vídeos do youtube que falam de arte, de educação, de arte-educação. Então preparem-se que, de agora em diante sempre teremos vídeos que reflitam algo sobre o nosso fazer, seja artístico, seja didático. É uma maneira que encontrei de garimpar coisas que possamos ver juntos neste nosso canal de interação.
Vídeos de Arte/Educação/Arte-Educação do Youtube

Para que Arte-Educação?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Mais 7 mil vereadores? Para quê?

Mais uma daquela dos políticos:
O sendado (foto) deu ontem um passo a favor do aumento do número de vereadores sem a redução de gastos com as Câmaras Municipais. Na câmara, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou o parecer do deputado Flávio Dino (PC do B-MA) a favor da promulgação da proposta de emenda constitucional que elevou em 7.343 o número de vereadores sem a parte - aprovada anteriormente pelos deputados e retirada pelos senadores - que significaria um corte de 65% nos atuais gastos. O senado do aprovou numa boa.


o senado cada vez mais distante do interesse do povo brasileiro

Ou seja, mesmo com a previsão da PEC entrar em vigor somente em 2012, acompanhando como está o país e como pode ficar, só consigo ver prejuízos. O Brasil não precisa de mais vereadores, nem mais políticos de espécie alguma. O Brasil pecisa de mais professores, em mais escolas, melhores. Professores qualificados e capacitados. Bem remunerados. É triste. Mais ainda pela forma como é feita este tipo de tramóia contra o povo brasileiro: Faz-se uma votação em uma quarta-feira, véspera de um jogo da seleção brasileira, logo, quando o assunto precisa ser debatido, vem o momento de esquecer os problemas do país e torcer para nossa seleção brasileira. Também torço para que ganhemos dos EUA nesta quinta, mas, não esqueçamos de mais um golpe da classe política de nosso país.


câmara: aí estão eles, os políticos... até quando?

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Brilhante texto para Walter Bandeira (Por Edson Farias)



O DIA EM QUE WALTER ...
O enfant terrible resolveu roubar um par de asas! - alguém gritou a notícia via iphone.
Que desespero!
As imagens logo fragmentárias se configuraram na retina do ouvinte perplexo:
“Não quero asas de penas apenas, penas são para aves pobres, a estrela aqui é luxo só... agora serei anjo e que venham os paetês e lamês angélicos”.
O fato ocorreu assim que apagou o último cigarro, havia dado o último trago, assim mesmo com cacófato e tudo, quando resolveu dar uma espiadela nos amigos reunidos longe da cama do Porto Dias. Riu-se o solteirão quando notou a evocação do Pai Nosso em meio a turma bagunceira dos meios do teatro, da dança, da música e do visual.
Que engraçado, jamais se viu um fato provocar uma oração e romper a pauta daquela
congregação.
Walter então se pegou e viu que ninguém o notara, por detrás da porta, apesar de sua
gargalhada de estúdio. A sua anti-presença súbita no grupo de colegas fez com que alguns se emocionassem e compusessem uma rima ao céu, reverente e antes das duas, a pingar suas gotas.
Disse: “fuiii!!!?”
“Bom, não restam dúvidas, agora tenho asas, estou até mais leve... quero ir até o Pedroca,assim, cintilante, feito Sininho a batizar esse meu verde que nunca deixei. E todos esses brilhos são teus paras e matas!”
Um outro desespero se fez lá em cima.
Já não bastasse, a Sobral, o Rui, O Costinha e a Dercy, agora o céu recebia Walter Bandeira.
Isso mesmo!
“Querubins”, gritou Pedro, “mais tampões de ouvidos pro pessoal!”
Que nada, ninguém obedeceu e nem se importava com a irreverência do novo hóspede.
Todos queriam ver e ouvir a voz da amazônia, glamourosa como quê a cantar
New heaven... new heaven theme from..
Ah, o Walter é ótimo!
O Walter é único, sabe né?.. dizem por aqui que ele veio alegrar a entrada da turma do AirFrance...
Tá certo, cheguem pra lá! Agora ele vai cantar.
Silêncio!
Uma eterna nota inacústica cortou o vazio.
Um sorriso maroto pintou as nuvens de prata, enquanto uma piscadela safada imprimia
saudades no peito de quem um dia se encantou por aquela voz...
Voz-glamour, voz de aço e de veludo...
Finalmente, após o arroubo infortúnio a voz brilhada se libertara das amarras da carne apoucada.
A voz mudou-se!
Mudou-se para sempre, para sempre gravada nas lembranças dos CDs que sempre se lançarão
dos ouvidos aos corações daqueles que sempre apreciaram teus vôos, mesmo que sem asas.
Menino Walter, hei, te aquieta... vai agora descansar um pouco, mas não te esqueças de dar nossas lembranças ao menino, homem Jesus...
E não se esqueça de dizer para a mãe dele que rogue por nós, amém.
Adeus!
Edison Farias

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Foi Assim... Morre Walter Bandeira


Foi assim... quando vimos no jornal a primeira notícia de que Walter estava internado na UTI, já sabíamos que teríamos poucas chances de vê-lo novamente cantar. Que "vozerão". Inesquecível, inconfundível. Figuraça, extrovertido, e de bem com a vida. Vida que tem como rito de passagem para outro plano, a morte, que faz parte da vida. Assim sempre foi. Foi assim...
Fica nosso agradecimento e reconhecimento por tudo que o que produziu e fez para a cultura paraense. Nossas homenagens a este multi-homem-artista

terça-feira, 26 de maio de 2009

A teoria Espiral de Swanwick


O homem se desenvolve por etapas, antes da pronúncia do vocabulário, sons; antes da vida adulta, uma vida infantil e pré-adulta etc. O educador musical Keith Swanwick, organiza de acordo com sua experiência de prática docente, observação e acompanhamento de alunos de escolas de música inglesas, uma melhor maneira de perceber e analisar como se dá o desenvolvimento musical no ser humano. Sua idéia não é de forma alguma pioneira, tendo em vista que outros pensadores, educadores e psicólogos também organizam o desenvolvimento do indivíduo em etapas, aliás, quase toda a base teórica da pesquisa de Swanwick é de Piaget, pois, Piaget observa crianças em desenvolvimento, especialmente seus filhos e de forma geral. Swanwick então, organiza um método de observação e constatação de como a música se desenvolve na vida humana. Tentaremos entender de que forma então que Swanwick elabora suas pesquisa e teoria.
Keith Swanwick parte do princípio de que qualquer conhecimento obedece a etapas de acordo com o desenvolvimento psicológico de quem o estuda. Como a música também é um conhecimento como outro qualquer, Swanwick mapeia em diferentes faixas etárias (de 3 a 15 anos) o progresso deste conhecimento. Vale ressaltar que a pesquisa foi realizada com alunos de classes diferentes, etnias diferentes (desde asiáticas a africanas), durante quatro anos e o mais importante, trabalhando com a ótica da oficina de música, dando ênfase em defesa de uma série de outros educadores, dentre os quais, John Paynter e Murray Schafer, que trabalham com a “linha criativa” da educação musical, que explora a criatividade do aluno utilizando todo e qualquer tipo de material sonoro. Foram então analisadas 745 composições feitas por 48 alunos durante o tempo da pesquisa.
Por que teoria espiral? Ora, o gráfico estrutural do desenvolvimento musical os alunos observados é em forma de espiral. É através desse gráfico que Swanwick mostrou o desenvolvimento em níveis relacionados com a faixa etária dos alunos “compositores” estudados. Tais níveis ou territórios foram divididos em quatro: material, expressão, forma e valor.
O território material foi dividido em duas partes: sensorial e manipulativo que compreende a faixa etária de 0 a 4 anos; o território expressão diz respeito a cianças de 5 a 9 anos; o terceiro desses territórios, o da forma dividiu-se em duas partes: indiomático e especulativo relacionado a crianças de 10 a 15 anos; o quarto território, o do valor é dividido em duas partes: simbólico e sistemático e diz respeito aos alunos com 15 anos ou mais. Partindo deste esquema de territórios, Swanwick propõe um processo de aprendizagem batizado por ele de “C.L.A.S.P.”, que em português foi traduzido para a sigla “T.E.C.L.A.”. A idéia é de trabalhar os conteúdos de forma integrada, vinculada, favorecendo assim, o aprendizado integrado, de forma que, essas fases sejam vivenciadas com um vínculo contínuo entre elas.
Entendendo o significado de cada uma das letras da sigla T.E.C.L.A. entendemos melhor o que Keith Swanwick quer com sua teoria: dar subsídios de organização para uma educação musical sistematizada de forma que todos os elementos da sigla não sejam nem priorizados, muito menos, desprezados. Eis o significado:

T – Técnica (manipulação de instrumentos, notação simbólica, audição).
E – Execução (cantar, tocar).
C – Composição (criação e improvisação).
L – Literatura (história da música).
A – Apreciação (reconhecimento de estilos / forma / tonalidade / graus).

É importante dizer que a linha de “oficina de música” adotada por Swanwick, prioriza e enfatiza a livre experimentação em materiais sonoros, sejam eles instrumentos, objetos ou o corpo; apesar disso, ele recomenda que o aluno seja estimulado convivendo com músicas do seu dia-a-dia e dentro dos padrões musicais de sua cultura, o que não significa dizer que esse repertório não possa ser ampliado com outros campos sonoros, observando e respeitando o universo sócio-cultural e afetivo do aluno.
A preocupação do educador musical então, deve ser a de encontrar uma espécie de base comum entre música e educação musical de forma a tornar mais ativo o processo de aprendizagem do aluno. Segundo o autor, conhecer música não quer dizer escutá-la por acaso e sim, envolver-se com ela profundamente. Ensinando e aprendendo música, musicalmente.

Keith Swanwick em congresso

O Futebol é uma arte


Foto de Dirceu Maués

A História Educativa em Arte que temos

Recentemente li o texto. Considero de fundamental importância para conhecermos a história da Arte-Educação em nosso País.

1. A História Educativa em Arte que temos

• Determinantes sócio-culturais
• Tendências Pedagógicas na Educação em Arte
o A "Pedagogia Tradicional" e as aulas de Arte
o A "Pedagogia Nova" e as aulas de Arte
o A "Pedagogia Tecnicista" e as aulas de Arte

2. Que História da Educação Escolar em Arte queremos fazer

Transcrição do texto do livro "Metodologia do Ensino de Arte". Maria Heloísa Ferraz e Maria F. de Resendi e Fusari. Cortez, 1993.

Determinantes sócio-culturais

As práticas educativas surgem de mobilizações sociais, pedagógicas, filosóficas, e, no caso de arte, também artísticas e estéticas. Quando caracterizadas em seus diferentes momentos históricos, ajudam a compreender melhor a questão do processo educacional e sua relação com a própria vida.
No Brasil, por exemplo, foram importantes os movimentos culturais na correlação entre arte e educação desde o século XIX. Eventos culturais e artísticos, como a criação da Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro e a presença da Missão Francesa e de artistas europeus de renome, definiram nesse século a formação de profissionais de arte ao nível institucional. No século XX, a Semana de 22, a criação de universidades (anos 30), o surgimento das Bienais de São Paulo a partir de 1951, os movimentos universitários ligados à cultura popular (anos 50/60), da contracultura (anos 70), a constituição da pós-graduação em ensino de arte e a mobilização profissional (anos 80), entre outros, vêm acompanhando o ensino artístico desde sua introdução até sua expansão por meio da educação formal e de outras experiências (em museus, centros culturais, escolas de arte, conservatórios, etc.).
Isto nos faz ver que as correlações dos movimentos culturais com a arte e com a educação em arte não acontecem no vazio, nem desenraizadas das práticas sociais vividas pela sociedade como um todo. As mudanças que ocorrem são caracterizadas pela dinâmica social que interfere, modificando ou conservando as práticas vigentes.
Dentre as mais relevantes interferências sociais e culturais que marcam o ensino e aprendizagem artísticos brasileiros podemos destacar:
a. os comprometimentos do ensino artístico (desenho) visando a uma preparação para o trabalho (operários), originado no século XIX durante o Brasil Imperial e presente no século XX;
b. os princípios do liberalismo (ênfase na liberdade e aptidões individuais) e o positivismo (valorização do racionalismo e exatidão científica), por um lado, e da experimentação psicológica, por outro, influenciando na educação em arte, ao longo do século XX;
c. o caos, os conflitos, os tecnicismos e a dependência cultural delineados no ensino de arte após a implantação da Educação Artística nas escolas brasileiras na década de 70 (Lei de Diretrizes e Bases 5692/71)
d. a retomada de movimentos de organização de educadores (principalmente as associações de arte-educadores), desde o início dos anos 80;
e. a discussão e a luta para inclusão da obrigatoriedade de Arte na escola e redação da Nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, após a Constituição Brasileira de 1988;
f. a retomada das investigações e experiências pedagógicas no campo da arte; sistematizações de cursos ao nível de pós-graduação;
g. as novas concepções estéticas da arte contemporânea modificando os horizontes artísticos e conseqüentemente a docência em arte;
h. os debates sobre conceitos e metodologias do ensino de arte realizados em caráter nacional e internacional, a partir dos anos 80.
A preocupação com a educação em arte tem mobilizado pesquisadores, professores, estetas e artistas, os quais vêm procurando fundamentar e intervir nessas práticas educativas. No Brasil, desde o final dos anos 80 têm-se divulgado inúmeros trabalhos desta ordem, tanto aqueles elaborados aqui quanto os de outros países. São propostas que refletem atuações em arte e são baseadas:
a. nas necessidades psicológicas dos alunos ou em suas necessidades e problemas ambientais, comunitários e sociais;
b. no ensino e aprendizagem pensado a partir da própria da própria arte, como um sistema de conhecimento do mundo; no conhecimento da arte advindo de fazer artístico e também da apreciação e história da arte;
c. nas articulações dos atos perceptivos e verbalizadores dos alunos como base da experiência estética;
d. nos alcances e limites da interdisciplinaridade e entre os diversos métodos de ensinar a aprender os conhecimentos em arte;
e. nas necessidades de mudanças da formação do educador em arte, visando à melhoria da qualidade de escolarização desde a infância.
A História que estamos considerando, portanto, é aquela que está sendo desenvolvida por professores e alunos em suas práticas e teorias pedagógicas. E, observando a história do ensino artístico, percebemos o quanto nossas ações também estão demarcadas pelas concepções de cada época. Para este estudo apresentaremos uma síntese das tendências pedagógicas mais influentes no ensino de arte e sua relação com a vida dos brasileiros.

Tendências Pedagógicas na Educação em Arte

Com a criação da Academia Imperial de Belas artes no Rio de Janeiro, em 1816, tivemos entre nós a instalação oficial do ensino artístico, seguindo os modelos similares europeus; nessa época, a maior parte das academias de arte da Europa procurava atender à demanda de preparação e habilidades técnicas e gráficas, consideradas fundamentais à expansão industrial. Aqui, como na Europa, o desenho era considerado a base de todas as artes tornando-se matéria obrigatória nos anos iniciais de estudo da Academia Imperial. No ensino primário o desenho tinha por objetivo desenvolver também essas habilidades técnicas e o domínio da racionalidade. Nas famílias mais. abastas as meninas permaneciam em suas casas, onde eram preparadas com aulas de música e bordado, entre outras.

A "Pedagogia Tradicional" e as aulas de Arte

Nas primeiras décadas do século XX o ensino de arte, no caso, desenho, continuou a apresentar-se com este sentido utilitário de preparação técnica para o trabalho. Na prática, o ensino de desenho nas escolas primárias e secundárias fazia analogias com o trabalho, valorizando o traço, o contorno e a repetição de modelos que vinham geralmente de fora do país; o desenho de ornatos, a cópia e o desenho geométrico visavam à preparação do estudante para a vida profissional- e para as atividades que se desenvolviam tanto em fábricas quanto em serviços artesanais.
Os programas de desenho do natural, desenho decorativo e. desenho geométrico eram centrados nas representações convencionais de imagens;. os conteúdos eram bem discriminados, abrangendo noções de proporção, perspectiva, construções geométricas; composição, esquemas de luz e sombra. Nas Escolas Normais os cursos de desenho incluíam ainda o "desenho pedagógico", onde os alunos aprendiam esquemas de construções gráficas para "ilustrar aulas".
Do ponto de vista metodológico, os professores, seguindo essa "pedagogia tradicional" (que permanece até hoje), encaminhavam os conteúdos através de atividades que seriam fixadas pela repetição. e tinham por finalidade exercitar a vista, a mão, a inteligência, a memorização, o gosto e o senso moral. O ensino tradicional está interessado principalmente no produto do trabalho escolar e a relação professor e aluno mostra-se bem mais autoritária. Além disso, os conteúdos são considerados verdades absolutas.
A partir dos anos 50, além do Desenho, passaram a fazer parte do currículo escolar as matérias Música, Canto Orfeônico e Trabalhos Manuais, que mantinham de alguma forma o caráter e a metodologia do ensino artístico anterior. Ainda nesse momento, o ensino e a aprendizagem de arte concentram-se apenas na "transmissão" de conteúdo reprodutivistas. desvinculando-se da realidade social e das diferenças - individuais. O conhecimento continua centrado no professor, que procura desenvolver em seus alunos também habilidades" manuais e hábitos de precisão, organização e limpeza.

A "Pedagogia Nova" e as aulas de Arte

A "Pedagogia Nova", também conhecida por Movimento da Escola Nova, tem suas origens na Europa e Estados Unidos (século XIX), sendo que no Brasil vai surgir a partir de... 1930) e ser disseminada a partir dos anos 50/60 com as escolas experimentais. Sua ênfase é a expressão, como um dado subjetivo. e individual em todas as atividades, que passam dos aspectos intelectuais para os afetivos. A preocupação com o método, com o aluno, seus interesses, sua espontaneidade e o processo do trabalho caracterizam uma pedagogia essencialmente experimental, fundamentada na Psicologia e na Biologia.
Diferentes autores vêm marcando os trabalhos dos professores de Arte, no século XX, no Brasil, firmando a tendência da "Pedagogia Nova", Entre eles destacam-se John Dewey (a partir de 19(0) e Viktor Lowenfeld (a partir de 1939), dos Estados Unidos, e Herbert Read (a partir de 1943), da Inglaterra, Com a publicação de seu livro Educação pela Arte (traduzido em vários países), Read contribuiu para a formação de um dos movimentos mais significativos do ensino artístico. Influenciado por esse movimento no Brasil, Augusto Rodrigues liderou a criação de uma "Escolinha de Arte", no Rio de Janeiro (em 1948), estruturada nos moldes e princípios da "Educação Através da Arte":

Estava muito preocupado em liberar a criança através do desenho. da pintura. Comecei a ver que o problema não era esse, era um problema muito maior. era ver a criança no seu aspecto global, a criança e a relação professor-aluno, a observação do comportamento delas. o estímulo e os meios para que elas pudessem, através das atividades, terem um comportamento mais criativo. mais harmonioso.
As crianças vinham cada vez mais, e as idades eram as mais diferentes. Felizmente, tínhamos duas coisas muito positivas para um começo de experiência no campo de educação, através de uma escola. A experiência era feita em campo aberto, e a diferença de idades também foi outra coisa fundamental para que eu pudesse entender, um pouco, o problema da criança e o da educação através da, arte. Deveríamos ter um comportamento aberto, livre com a criança; uma relação em que a comunicação existisse através do fazer e não do que pudéssemos dar como tarefa ou ensinamento, mas através do fazer e do reconhecimento da importância do que era feito pela criança e da observação do que ela produzia. De estimulá-la a trabalhar sobre ela mesma, sobre o resultado último, desviando-a, portanto, da competição e desmontando a idéia de que ali estavam para serem artistas
(Depoimento de Augusto Rodrigues, 1980, p.34.
As palavras de Augusto Rodrigues podem sintetizar as idéias da Escola Nova, que via o aluno como ser criativo, a quem se devia oferecer todas as condições possíveis de expressão artística, supondo-se que, assim, ao "aprender fazendo", saberiam fazê-lo. Também, cooperativamente, na sociedade.

A "Pedagogia Tecnicista" e as aulas de Arte

A "Pedagogia Tecnicista", presente ainda hoje, teve suas origens partir da segunda metade do século XX, no mundo, e a partir de 1%0/ 1970, no Brasil.
Na "Pedagogia Tecnicista", o aluno e o professor ocupam uma posição secundária, porque, o elemento principal é o sistema técnico de organização da aula e do curso: Orientados por uma concepção mais mecanicista, os professores brasileiros entendiam seus planejamentos e planos de aulas centrados apenas nos objetivos que eram operacionalizados de forma minuciosa. paz parte ainda desse contexto tecnicista o uso abundante de recursos tecnológicos e audiovisuais, sugerindo uma "modernização" do ensino. Nas aulas de Arte, os professores enfatizam um "saber construir": reduzido aos seus aspectos técnicos e ao uso de materiais diversificados (sucatas, por exemplo), e um "saber exprimir-se" espontaneístico, na maioria dos casos caracterizando poucos compromissos com o conhecimento de linguagens artísticas. Devido à ausência de bases teóricas mais fundamentadas, muitos valorizam propostas e atividades dos livros didáticos que, nos anos.70/80, estão em pleno auge mercadológico, apesar de sua discutível qualidade enquanto recurso para o aprimoramento dos conceitos de arte.

Que História da Educação Escolar em Arte queremos fazer

Ao lado das tendências pedagógicas tradicional, escolanovista e tecnicista, surge no Brasil, entre 1961/1964, um importante trabalho desenvolvido por Paulo Freire, que repercutiu. politicamente, pelo seu, método revolucionário de alfabetização de adultos. Voltado para o diálogo educador-educando e visando à consciência crítica, influencia principalmente movimentos populares e a educação não formal. Retomado a partir de 1971, é considerado nos dias de hoje como uma "Pedagogia Libertadora", em uma perspectiva de consciência crítica da sociedade.
A partir dos anos 80, acreditando em, um papel específico que a escola tem com relação a mudanças nas ações sociais e culturais, educadores brasileiros mergulham em um esforço de conceber e discutir práticas e teorias de educação escolar para essa realidade. Conscientizam-se de como a escola se configura no presente, com vistas a transformá-la rumo ao futuro. E nos convidam a discutir as ações e as idéias que queremos modificar na educação em arte, como um desafio c compromisso com as transformações na sociedade.
Começa a se "desenhar" um redirecionamento pedagógico que incorpora qualidades das pedagogias tradicional, nova, tecnicista e libertadora e pretende ser mais "realista e crítica. Suas concepções podem ser sintetizadas nos seguintes aspectos:
(...) agir no interior da escola é contribuir para transformar a própria sociedade. Cabe à escola difundir os conteúdos vivos, concretos, indissoluvelmente ligados às realidades sociais. Os métodos de ensino não partem de um saber espontâneo, mas de urna relação direta com a experiência do aluno confrontada com o saber trazido de fora, () professor é mediador da relação pedagógica - um elemento insubstituível. É pela presença do professor que se torna possível urna "ruptura" entre a experiência pouco elaborada e dispersa dos alunos, rumo aos conteúdos culturais universais, permanentemente reavaliados face às realidades sociais (Cenafor, 1983, p. 30).
A educação escolar deve assumir, através do ensino e da aprendizagem do conhecimento acumulado pela humanidade, a responsabilidade de dar ao educando o instrumental para que ele exerça uma cidadania mais consciente, crítica e participante. Tem-se buscado elaborar, discutir e explicitar: então, uma "Pedagogia-Histórico-Crítica" (Saviani, 1980), ou seja, uma prática e teoria da educação, escolar mais realista, mais "Crítico-Social dos Conteúdos" (Libâneo, 1985) sem deixar de considerar as contribuições das outras perspectivas pedagógicas. Essa pedagogia escolar procura propiciar a todos os estudantes o acesso e contato com os conhecimentos culturais básicos e necessários para uma prática social viva e transformadora.
Uma pedagogia que leve em conta esses objetivos, no dizer de Dermeval Saviani, valorizará a escola; não será indiferente ao que ocorre em seu interior; estará empenhada em que a escola funcione bem; portanto, estará interessada em métodos de ensino eficazes. Tais métodos se situarão para além dos métodos tradicionais e novos, superando por incorporação as contribuições de uns e de outros. Portanto, serão métodos que estimularão a atividade e iniciativa doa alunos, sem abrir mão, porém, da iniciativa do professor; favorecerão o diálogo dos alunos entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos.
Não se deve pensar, porém, que os métodos acima indicados terão um caráter eclético, isto é, constituirão uma somatória dos métodos tradicionais e novos. Não. Os métodos tradicionais assim como os novos implicam uma autonomização da pedagogia em relação à sociedade. Os métodos que preconizo mantêm continuamente presente a vinculação entre educação e sociedade. Enquanto no primeiro caso professor e alunos são sempre considerados em termos individuais, no segundo caso, professor e alunos são tomados como agentes sociais (Saviani, 1980, pp. 60-61).

Libâneo (1985) também contribui para este "desenhar" do novo redirecionamento pedagógico, ressaltando a natureza do trabalho docente hoje, no qual "um saber, um saber ser e um saber fazer pedagógico" devem "integrar os aspectos material/formal do ensino e, ao mesmo tempo, articulá-los com os movimentos concretos tendentes à transformação da sociedade".
Percebendo a relevância de conhecer o processo histórico do ensino de arte e nele saber interferir com consciência, Ana Mae Barbosa apresenta-nos importantes análises e sínteses nessa área, em seus livros Arte-Educação no Brasil (1978), Recorte e Colagem: Influências de John Dewey no Ensino da Arte no Brasil (1982), Arte-Educação: Conflitos e Acertos (1984), História da Arte-Educação (1986), O Ensino da Arte e sua História (1990). Preocupada com a democratização do conhecimento da arte (isto é, com a necessidade de assumirmos o compromisso de ampliar o acesso da maioria da população aos domínios estéticos e artísticos, por meio de uma educação de qualidade), Ana Mae contribui com relatos e reflexões que podem conduzir nosso trabalho de professores a posicionamentos mais claros. Ela considera fundamental a recuperação histórica do ensino de arte para que se possam perceber "as realidades pessoais e sociais, aqui e agora e lidar criticamente com elas". Essas idéias aparecem nitidamente em todos os seus livros, que nos convidam a discutir e encontrar formas de ação na atualidade.
Uma das ações que está em processo, hoje, e que vem se afirmando por sua maior abrangência cultural, refere-se a um posicionamento teórico-metodológico, conhecido entre nós por "Metodologia Triangular". Esta proposta, difundida e orientada por Ana Mae Barbosa, e que está sem dúvida interferindo qualitativamente no processo e melhoria do ensino de arte, tem por base um trabalho pedagógico integrador de três facetas do conhecimento em arte: o "fazer artístico", a "análise de obras artísticas" e a "história da arte". Este trabalho vem sendo desenvolvido e pesquisado, desde o início dos anos 90, em São Paulo, no Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP) e no sul do país, pela Fundação lochpe e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dentre outras instituições de ensino.
Acreditamos que a consciência e a interferência sobre o processo educativo (e, neste caso, mais especificamente, de arte) é fundamental para o professor, para os alunos de Magistério, enfim, para todos que estão envolvidos com uma educação que se pretende transformadora. A consciência histórica e a reflexão crítica sobre os conceitos, as idéias e as ações educativas de nossa época possibilitam nossa contribuição efetiva na construção de práticas e teorias de educação escolar em arte que atendam às implicações individuais e sociais dos alunos, às suas necessidades e interesses, e, ao mesmo tempo, proporcionem o domínio de conhecimentos básicos. da arte.
O compromisso com tal projeto educativo exige um competente trabalho docente. No caso da ação educativa em arte com crianças, o professor terá de entrelaçar a sua prática-teoria artística e estética a consistentes propostas pedagógicas. Em síntese, é preciso saber arte e saber ser professor de arte junto a crianças.

Fonte: http://arteducacao.pro.br/Artigos/educativa.htm

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sonhemos...


...façamos acontecer

Como Arte Educa?

Veja abaixo três frases que nos auxiliam para a resposta desta pergunta.

É preciso . . . rejeitar o modelo falsamente universal de uma compreensão de tipo intelectualista, que consiste num encadeamento de conceitos e que passa pelo filtro da linguagem, e introduzir a ideia de uma compreensão corporal e afetiva,fundada sobre analogias pessoalmente sentidas. Compreender com o próprio corpo tanto quanto com o espírito, eis uma situação original, que coloca problemas novos para a pedagogia. (Michel Tardy, O professor e as imagens, p. 93-94.)

É preciso compreender que a evolução estética não se refere apenas e necessariamente à arte; refere-se também à integração mais intensa e profunda do pensamento, do sentimento e da percepção. Pode, assim, suscitar maior sensibilidade em face da educação. (Lowenfeld e Brittain, Desenvolvimento da capacidade criadora, p. 398).

Onde palavra e som se combinam e soa o canto, a arte se revela, e cada cântico e cada livro, cada imagem, é uma descoberta — uma milésima tentativa de cumprimento da vida una. (Hermann Hesse)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Macaco e Macarrão

Somente para os leitores do blog, revelo uma dinâmica/brincadeira/vivência chamem como queiram, o importante é fazer, crianças adoram. O seguinte é o que segue:
O comando é → macaco: os alunos sobem nas cadeiras ou onde quer que seja;
Macarrão: os alunos ficam grudadinhos igual a macarrão no meio da sala.
O legal é que como são palavras do mesmo prefixo, dá para fazer um certo mistério, por exemplo, falo maca...co ou maca...rrão, ou ainda, falo bem rápido macaco, macarrão, macaco, macarrão, macarrão. Sempre tem alguém que erra. Quando isto acontece peço para este que cante uma música ou imite um animal.

Em breve mais pérolas da arte-educação

domingo, 3 de maio de 2009

Romantismo


Em Cd, não temos o mesmo romantismo na hora de selecionar músicas e gravar para dar de presente.

sábado, 2 de maio de 2009

Planejamento do ensino em música




Quais são elementos presentes na música? Quais as formas de vivenciar a música? Como se aprende música? O que pretendemos com o ensino de música nas escolas? Quais são as nossas metas e objetivos? Por que ensinar música nas escolas?
Quando se escolhe começar um texto com perguntas, muitas das vezes, é porque seu autor não sabe como respondê-las, sendo que em todo o texto tais respostas podem ou não surgir, ou o que também é provável: depois de ler o texto redigido por tal autor, o leitor, cujo entendimento é sempre variável, ser mutante, acabar por ter mais dúvidas do que certezas. Pois bem, as perguntas com as quais comecei o texto, não são para serem respondidas de imediato, não precisa ser agora, mas é importante que comecemos a pensar nelas, e mais importante ainda: não se esquecer de tais indagações jamais. Pois estaremos falando de possibilidades ou dimensões das vivências a serem contempladas no planejamento do ensino da música. E, sinceramente não sei se você que está lendo este texto, que deve ser um educador musical, ou não, concluirá a leitura com as respostas que expus acima resolvidas. Saiba apenas que desde já existem várias possibilidades.
Para começarmos nossa busca por respostas podemos começar “ao planejarmos nossa prática docente, fazemos uma série de escolhas e precisamos estar conscientes delas e saber fundamentá-las”. Ou seja, primeiramente é importante sabermos quem somos e o que queremos da vida e conseqüentemente, quais são nossos objetivos como profissionais? “Para ensinar música, precisamos ter claro o que entendermos como sendo música, precisamos definir quais são os elementos ou dimensões que a constituem e quais são as formas de vivenciá-la”. Então é assim, definindo quais os conteúdos, num sentido mais amplo, definir como serão nossas aulas de música. Por exemplo, como podemos distinguir os elementos da música com elementos do som? Ora, o som é matéria-prima da música. Porém “é condição mínima, embora não suficiente, para que algo seja considerado música”. Os elementos do som são: altura, duração, intensidade e timbre. Organizando tais elementos, estamos começando a praticar a linguagem musical. E “é a intenção de fazer ou de ouvir música que nos permite diferenciar sons que constituem música daqueles que não constituem” .
Ao praticarmos música, seja ouvindo ou fazendo, estamos nos relacionando com os parâmetros do som de forma mais específica e subdivida: Intensidade passa a ser, por exemplo, forte, fraco, crescendo etc. Da mesma forma o timbre, que é uma voz humana ou instrumental única, uma qualidade, que só tal voz produz: cada ser-humano, tem um a voz única, que é também uma espécie de marca, assim como os instrumentos musicais. Só fagote tem o som do fagote, existem instrumentos que podem aproximar-se de sua sonoridade, mas como o fagote, só o fagote e assim para todos os outros instrumentos. Todos elementos predispostos e subdividos são ferramentas que podemos usar quando nos dispomos a compor, cantar, improvisar ou até mesmo ouvir vivenciando a música, tais ferramentas recebem, segundo Swanwick, a definição “materiais”. De tal modo que organizando estes materiais e observando como se desenvolvem e se contrastam em frases, períodos e partes é que começaremos a trabalhar também com expressão e forma. “Materiais, Expressão e Forma constituem um ponto de partida para definirmos os elementos musicais – ou, mais especificamente, os elementos sonoro-musicais – a ser contemplados em nossos planejamentos e desenvolvidos em nossas aulas”.
Não esqueçamos, porém, que toda esta vivência musical com todos os elementos que permeiam música perpassam por toda uma rede social, cheia de significados e funções, pois “é no mundo social que definimos e convencionamos o que consideramos música, quais a s formas de vivenciá-las e de aprendê-las e quais as funções e usos de determinada peça ou estilo musical. Portanto, a aula de música não pode tratar a música como um objeto destituído de significados e funções sociais.”
Precisamos então ser antes de tudo críticos, auto-críticos, no melhor sentido da apalavra, e tornar, aos poucos, nossos alunos também em críticos e auto-críticos, pois este não é um desafio apenas da disciplina música e sim, de toda a escola e toda a sociedade.
Sejamos então conscientes de nosso papel enquanto educadores, antes mesmo de educadores musicais, pois as perguntas do início do texto não precisam ser respondidas de imediato, não precisa ser agora, mas é importante que já comecemos a pensar nelas.
Quando tive conhecimento da sigla C. L. A. S. P. que para o português foi traduzida para T. E. C. L. A., criada por Keith Swanwick (FOTO), para mim foi como um achado de um tesouro, pois considero que a sigla traduz, quando estudamos o significado de cada letra da sigla o que precisamos estudar e fazer para sermos bons musicistas e/ou bons educadores musicais: Técnica, Execução, Composição, Literatura e Apreciação são também ferramentas que nos auxiliarão nas respostas da perguntas iniciáticas do texto.



Argentino Campos de Melo Neto

Poder e Administração no Capitalismo Contemporâneo


Resumo Analítico do Artigo de Lúcia Bruno intitulado
Poder e Administração no Capitalismo Contemporâneo

O artigo de Lúcia Bruno, intitulado Poder e Administração no Capitalismo Contemporâneo é esclarecedor, pois já no primeiro parágrafo ela expõe o objetivo do artigo que é apresentar um quadro referencial de análise que nos permita discutir as formas contemporâneas de organização e de exercício do poder, no interior das organizações, tendo como referência as teorias administrativas.
Desde os anos 60, o mundo vem se transformando, desenvolvendo-se organizacional e economicamente, tais ocorrências hoje são mais perceptíveis pois um processo econômico é lento e as organizações que participam deste processo habituam-se a uma espécie de jogo que só podem mudar com o surgimento de um novo jogo. Essa mudança de jogo é lenta porque quem joga é o mundo, é preciso então, que o mundo aprenda a jogar um novo jogo.
Estamos jogando a globalização, há algum tempo, no entanto, começamos a percebê-la à cerca de dez anos, especialmente com as ferramentas de comunicação de que hoje dispomos, neste ponto, o texto de Lúcia Bruno é indispensável para realmente entendermos o que se passa ao redor, além da tão falada globalização econômica, o texto nos esclarece a respeito da transnacionalização das estruturas de poder e a reestruturação produtiva.
São fenômenos novos de alguma forma, tendo em vista o início deste processo até os dias atuais, porém Bruno pontua a rapidez de movimentação deste processo e especialmente como isso é determinante em nossas vidas. Pra entendermos melhor a globalização econômica, é preciso que entendamos o início do capitalismo, que desde seus primórdios já prega a internacionalização do capital, já que este modo de produção nunca foi um sistema com características nacionais.
É a partir da Segunda Guerra Mundial que esse processo acelera-se, pois é quando, as empresas multinacionais – em sua grande maioria norte-americanas – começam a se expandir ultrapassando os territórios nacionais, daí os termos globalização e transnacionalização. Neste período o Estado-Nação começa a perder todo o poder de decisão, pois, esta nova forma já não se fundamenta na intervenção econômica dos governos e no seu inter-relacionamento. Isto acontece devido as empresas já se relacionarem diretamente sem a intervenção de um ou outro país e isso se dá, especialmente porque as empresas aceleram a concentração de capital, corroendo os sistemas econômicos cuja ordenação pressupunha a existência de poderes políticos nacionais ou plurinacionais, que tinham a capacidade de exercer ações de regulação macroeconômica. Então, podemos entender que a soberania do Estado nacional, a partir daí, não passa de demagogia política tendo em vista que as grandes empresas e governos não negociam em condições de igualdade.
As estruturas dos países são distintas, ao mesmo tempo em que as relações inter-organizacionais se estreitam, o que exige estudos mais específicos e aprofundados dos diferentes tipos de estrutura, ou seja, a prática da gestão torna-se ainda mais complexa, onde os conflitos e disputas exigem uma administração com propriedade, onde o que determina o processo econômico global é o aparecimento de novos pólos políticos de poder e do decisivo avanço dos gestores tecnocratas que controlam o capital.Daí importância conferida à capacidade adaptativa das organizações e aos processos de integração, mudança, conflito e consenso
Um outro fenômeno que ocorre nesta nova ordem mundial é que o poder de decisão pessoal, tende a desaparecer, ou seja, uma estrutura abstrata dita regras de funcionamento. O poder continua vertical, processando-se de cima para baixo, porém, as esferas articuladas se sobrepõem. As responsabilidades então pelas coisas sociais, como a desigualdade, que hoje já não é coisa apenas de terceiro mundo, expande-se pelo mundo afora sem que se aponte o responsável, este é um cenário onde todos obedecem a um sistema impessoal que funciona como uma espécie de regulador da autoridade. A sociedade contemporânea então, caminha pra instituições pluralistas, constituídas por diversos centros de autoridade que se equilibram mutuamente e se auto-regulam.
Cabe então, para nós educadores, a seguinte pergunta, qual é o papel da escola neste cenário? O artigo de Lúcia Bruno, mostra-nos alguns caminhos que podem revelar o sentido da educação dentro de um mundo cheio de contradições. É aí que a escola tem seu papel de reestruturação, embora se discuta bem mais sobre isso do que se faça realmente algo. A família, o meio social juntamente com a escola, precisam exercer sua função social, mais ainda que função, missão. Precisamos saber o porque que escolhemos a educação em nosso meio de trabalho, pois, a esfera ideológica assume grande importância enquanto elemento de coesão social. Para o mercado capital trata-se de uma mercadoria como outra qualquer e isso é uma das razões que provocam nos países uma certa correria para uma reestruturação. O que torna mais democrático o sistema educacional é promover formas consensuais de tomada de decisões. Uma contribuição que o artigo, que chega doer de tão triste é perceber que o Brasil segue fielmente a recomendação do Banco Mundial de investir mais em equipamento e meios físicos em detrimento do professor. Outra pergunta: Como é possível melhorar a qualidade do ensino sem investimentos de qualificação dos profissionais?























O universo das artes


O Universo das Artes (Resenha Crítica do capítulo "O universo das artes" no livro "Convite à Filosofia" de Marilena Chauí).


Eterno e Novo: Um.

Um vir a ser do que nunca existiu
como promessa infinita de acontecimentos

Marleau-Ponty


Alberto Caeiro é um dos heterônimos de Fernando Pessoa e é incrível como neste poema:
O meu olhar é nítido como um girassol
Tenho o Costume de andar pelas estradas
Olhando para direita e para esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo


podemos encontrar suficientes caminhos de descobrimento para significações da arte principalmente entendendo o olhar do artista que realmente nasce a cada momento, a cada criação; e este nascimento é para o momento, novo; ao mesmo tempo em que é, eterno. Fernando Pessoa criou vários personagens e este Alberto Caeiro nos mostra com sua filosofia simples que coisas aparentemente distintas caminham mais íntimas que possamos imaginar.
Ora se arte não é novidade/eternidade; eternidade/novidade? O artista a cada momento transforma-se, recicla-se sempre em busca do novo em si mesmo e essa busca é na verdade também em algo que existe desde sempre e que nunca deixará de existir, ou seja, é eterno. A autora exemplifica citando Monet que pinta a mesma catedral e na verdade a “mesma” não existe, pois a cada catedral pintada, uma nova catedral nasce e posso citar o poeta paraense Max Martins que hoje em dia já não mais cria ou cria muito pouco, porém, refaz, reescreve muito mais, conserta, reorganiza poemas outrora escritos.
Então podemos concluir que dentro da arte o eterno e o novo se fazem em um só e “o que há de espantoso nas artes é que elas realizam o desvendamento do mundo recriando o mundo noutra dimensão e de tal maneira que a realidade não está aquém e nem na obra, mas é a própria obra de arte”. O homem faz arte também no intuito de descobrir o mundo e o faz descobrindo a si mesmo. Se conhecer também é o caminho para a evolução.

Arte e Técnica

Ainda pouco vimos que eterno e novo são distintos e ao mesmo tempo semelhantes. Quando nos propomos a entender Arte e Técnica vimos também percebemos semelhanças e diferenças entre ambas. Podemos dizer que um médico tem a arte de curar, a arte médica e podemos ainda dizer que este médico é técnico em curar, a técnica médica, mas, examinado com mais cautela já percebemos alguma diferença: a minha impressão é que técnica é o aprofundamento da arte. O médico se forma em medicina e se especializa em algum ramo da medicina, ou seja, se especializa, se torna técnico em tal área. Na verdade nos dias atuais, muita coisa mudou não só quanto a esses termos, mas também como a arte médica, hoje, caminho para quem quer ter estabilidade no futuro sem muitas vezes, ter a capacidade médica, a arte médica, a técnica médica. O que pode nos auxiliar no entendimento é justamente ir de encontro às origens destas palavras, o que Marilena Chauí faz questão de esclarecer:
Ars: Arte em Latim que é correspondente ao termo grego techne que para nós significa técnica. No sentido lato, significa habilidade, desteridade, agilidade. Em sentido estrito, instrumento, ofício, ciência. Seu campo semântico se define por oposição ao acaso, ao espontâneo e ao natural. No sentido mais geral, arte é um conjunto de regras para dirigir uma atividade humana qualquer. É justamente por isso que citei o exemplo médico, mas poderíamos citar inúmeros como o faz Chauí: arte política, arte bélica. Retórica, lógica, poética etc. Porém podemos também examinar arte e técnica pelo viés da música. Ora, um músico pode ter a arte de tocar, mas pode não ter a técnica e do contrário também, neste caso, ocorre.
Platão não distinguia arte, ciências e filosofia, uma que estas são atividades regradas e ordenadas, como a arte o é. A divisão platônica “era feita de dois tipos: as judicativas, isto é, dedicadas apenas ao conhecimento, e as dispositivas ou imperativas, voltadas para a direção de uma atividade com base no conhecimento de suas regras”. O que percebemos é que há complementações nas idéias platônicas, pois Aristóteles já estabelece uma outra perspectiva que perdura durante muito tempo na cultura ocidental. Ciência-Filosofia distingue-se de arte ou técnica: “a primeira refere-se ao NECESSÁRIO, isto é, ao que não pode ser diferente do que é, enquanto a segunda se refere ao CONTINGENTE ou ao POSSÍVEL, portanto, ao que se pode ser diferente do que é. Outra distinção é feita no próprio campo do possível, pela diferença entre ação e fabricação, isto é, entre PRÁXIS e POIESIS. A política e a ética são ciência da ação enquanto artes ou técnicas são atividades de fabricação”.
Para completar a distinção Plotino separa teoria e prática e distingue também as técnicas ou artes cuja finalidade é auxiliar a natureza como medicina e agricultura daquelas cuja finalidade é fabricar como as matérias oferecidas pela natureza como o artesanato. Também as artes ou técnicas que não se relacionam diretamente com a natureza como música e retórica, por exemplo, que, tendo efeito principal no indivíduo tornando melhor ou pior.
O que nos chama atenção é que essa formação ou classificação da arte ou técnica venha se formar nas sociedades antigas, justamente nas sociedades em que não era valorizado o trabalho manual justamente por ser feito pela mão-de-obra escrava. Outro aspecto interessante é que para cada época da história humana, encontra-se uma divisão quanto às artes e/ou as técnicas. Por exemplo, até o século XV, as artes são divididas entre artes liberais (dignas de um homem livre) e servis ou mecânicas (própria do trabalhador manual).
Durante a Idade Média, Santo Tomás de Aquino justifica a diferença entre as artes que dirigem os trabalhos com a razão e as que dirigem os trabalhos com as mãos e assim, baseando-se nisso, institui que as artes liberais são: gramática, retórica, lógica, aritmética, geometria, astronomia, e música. Sendo artes mecânicas todas as atividades técnicas: medicina, arquitetura, agricultura, pintura, escultura, olaria, tecelagem etc. Ficam as perguntas: Um artista que usa as mãos não utiliza a razão e vice-versa? É interessante observar que nos dias atuais o termo profissional liberal é justamente o oposto do que era ser liberal Idade Média.
Na Renascença, porém, há uma busca pela valorização do trabalho manual, ou seja, pelas artes mecânicas que tinha até aquele momento um status diferente, inferior ao das artes liberais e esta valorização não passa de interesse econômico tendo em vista que o capitalismo começara a dar seus primeiros passos e as fontes e causas das riquezas vinham do trabalho manual. A primeira dignidade obtida pelas artes mecânicas foi sua elevação à condição de conhecimento, como as artes liberais. A segunda dignidade foi alcançada no final do século XII e a partir do século XIII, quando se distinguiram as finalidades das várias artes mecânicas, isto é, as que têm como fim o que é útil aos homens – medicina, agricultura, culinária, artesanato – e aquelas cujo fim é o BELO – pintura, escultura, arquitetura, poesia, música, teatro dança. Desse modo, com a idéia de beleza surgem as belas artes, modo pelo qual nos acostumamos a entender a arte. Daí em diante a distinção entre as artes acarretou uma separação entre técnica (o útil) e arte (o belo). O que criou uma forte imagem da sensibilidade e da fantasia do artista como gênio-criador. “Enquanto o técnico é visto como aplicador de regras e receitas vindas da tradição ou da ciência, o artista é visto como dotado de INSPIRAÇÂO, entendida como uma espécie de iluminação interior e espiritual misteriosa, que leva o gênio a criar a obra”.
Emmanuel Kant viria estudar amplamente o juízo de gosto, conceito que surgira a partir da conclusão de que a obra de arte é pensada a partir de sua finalidade – a criação do belo – onde podemos observar inseparável da figura do público (espectador, ouvinte, leitor), que julga e avalia o objeto artístico conforme tenha ou não realizado a beleza. E é justamente essas discussões do belo, da beleza, do gosto do público, do lado da obra, do gênio criador, inspiração que vêm ser os pilares da construção e uma disciplina filosófica: a estética. Todavia, desde o final do século XIX e durante o século XX, modificou-se a relação entre arte e técnica. Na verdade conceitos também mudaram e, por exemplo, técnica deu espaço à tecnologia e também por outro lado as artes passaram a ser concebidas menos como expressão genial misteriosa e mais como expressão criadora como transfiguração das possibilidades de cada linguagem artística como o movimento, do visível, do sonoro etc.
Para expressarem-se os artistas recorrem às técnicas, como sempre o fizeram
apesar daquela imagem de gênio criador inspirado, que tira de dentro de si a obra.

Arte e Religião

Historicamente, o trabalho e a religião desempenharam papéis fundamentais para humanidade no sentido de sua organização como sociedade, sendo que, o trabalho traz noções de vida em comunidade e a religião noções de autoridade esta sociabilidade proporcionada por ambos instituem também símbolos de organização quanto ao espaço/tempo, corpo/espírito. Com isso, as artes, tanto mecânicas quanto técnicas tornam-se inseparáveis do trabalho e da religião.
Na verdade essa relação com o sagrado que organiza o espaço e o tempo e ainda o sentimento da comunhão, também separa o Homem e Natureza e deles com o divino simbolizam o todo da realidade pela sacralização, ou seja, as atividades humanas assumem formas ritualísticas como, por exemplo, doença e cura, nascimento e morte, mudança de estações, a semeadura e a colheita, a passagem do dia à noite etc.
Por muito tempo então, se têm arte como atividades técnico-religiosas, pois pintar, edificar, cozinhar, caçar, plantar, assumem as mesmas características de ritos, sendo assim, tidas como iguais tendo em vista que o trabalho e a religião tendem sacralizar e ritualizar a vida. Serão ainda necessários alguns anos e profundas transformações histórico-sociais para as belas artes, como hoje conhecemos, tornarem-se independentes, dotadas de valor, autonomia e significações próprias.
O interessante é que antes de acontecer de fato, esta “emancipação” das linguagens, os artistas eram tidos também como “magos”, devido o conhecimento em diversas áreas como nas combinações médico/astrólogo/músico ou arquiteto/dançarino/escultor – tão raras quanto atuais – pois eram iniciados em mistérios, ou seja, em um rito sagrado. Aprendia-se a conhecer a matéria prima para uma determinada arte e manusear os instrumentos necessários para sua criação. A dimensão religiosa das artes deu objetos artísticos ou às obras de arte uma qualidade que foi estudada pelo filósofo alemão Walter Benjamim: a aura. Mas o que é a aura?
“A aura é a absoluta singularidade de um ser – natural ou artístico –, sua qualidade de eternidade e fugacidade simultâneas, seu pertencimento necessário ao contexto onde se encontra e sua autenticidade, o vínculo interno entre unidade e durabilidade. Única, uma, irrepetível, duradoura e efêmera, aqui-agora e parte de uma tradição, autêntica: a obra de arte aurática é aquela que torna distante o que está perto, porque transfigura a realidade, dando-lhe a qualidade da transcendência”. O que mais fascina na obra de Walter Benjamim é sua capacidade de exemplificar de maneira simples, suas idéias. Em seu ensaio intitulado “A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica” escreve: “Em suma, o que é a aura? É uma figura singular, composta de elementos especiais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, desse galho”. Na verdade voltamos ao início quando vimos na unidade do eterno e do novo, pois a aura é também o momento que é singular, é novo e é eterno.
Marilena Chauí conclui o texto complementando e esclarecendo e justificando o fato de o artista ser considerado, outrora, como gênio criador, mágico. Justamente por entender-se que as significações e características de arte em cada momento histórico não tiram sua essência, que é a capacidade e a possibilidade de criação e interpretação: “Passando do divino ao belo, as artes não perderam o que a religião lhes dera: a aura. Não por acaso, o artista foi visto como gênio criador inspirado, indivíduo excepcional que cria uma obra excepcional, isto é, manteve em sua figura o mistério do mágico antigo”.



Arte e Filosofia
Poética e Estética. É o que separa em momentos pelo qual a filosofia teorizou e buscou compreender a arte racionalmente. No primeiro momento inaugurado por Platão e Aristóteles, onde tratam as artes sob a forma da poética. Na obra aristotélica Arte Poética o pensador grego trata das artes da fala e da escrita, do canto e da dança: a poesia e o teatro (tragédia e comédia). A palavra poética é a tradução de poiesis, portanto, para a fabricação. A arte poética estuda as obras de arte como fabricação de seres e gestos artificiais, isto é, produzido pelos seres humanos.
No segundo momento conhecemos Estética, termo utilizado pela primeira vez – para referir-se às artes quanto ao estudo das obras enquanto criações da sensibilidade, tendo como finalidade o belo – por Alexander Baumgarten por volta de 1750 que vem do grego aesthesis, que significa conhecimento sensorial, experiência, sensibilidade. A Estética pouco a pouco substitui a noção de arte Poética e passa a designar toda a investigação filosófica que tenha por objeto as artes, uma arte ou ainda, determinadas obras de arte. Do lado do artista e da obra, busca-se a realização da beleza; do lado do espectador e receptor, busca-se a reação sob a forma do juízo de gosto, do bom gosto.
A noção de estética, quando formulada e desenvolvida nos séculos XVIII e XIX, pressupunha:
1 – que a arte é produto da sensibilidade, da imaginação e da inspiração do artista e que sua finalidade é a contemplação;
2 – que a contemplação, do lado do artista, é a busca do belo (e não do útil, nem do agradável ou prazeroso) e, do lado do público, é a avaliação ou o julgamento do valor de beleza atingido pela obra;
3 – que o belo é diferente do verdadeiro.

Relação entre arte e natureza
A arte é mimésis, ou seja, imitação. “A arte imita a natureza” defende Aristóteles e segundo o que escreve o pensador, resulta da atividade do artista imitar outros seres por meio de imagens, sons, cores, formas, volumes etc., e o valor da obra decorre da habilidade do artista para encontrar materiais e formas adequados para obter o efeito imitativo.
O que na verdade não podemos confundir é imitação com reprodução, pois há uma linha, ainda que tênue, que separa as duas. Imitar mais assemelha então a representar a realidade para que “a obra figure algum ser (natural ou sobrenatural), algum sentimento ou emoção, algum fato (acontecido ou inventado). Harmonia e proporção das formas, dos ritmos, das cores, das palavras ou dos sons oferecem a finalidade a ser alcançada e estabelecem as regras a serem seguidas”.
A partir do romantismo (portanto, após quase 23 séculos de definição de arte como imitação), a filosofia passa definir obra de arte como criação. E a idéia de inspiração torna explicadora da atividade artística. A terceira concepção, mais contemporânea, vê a arte como expressão e construção. “A obra de arte não é pura receptividade imitativa ou reprodutiva, nem pura criatividade espontânea e livre, mas expressão de um sentido novo, escondido no mundo, eu um processo de construção do objeto artístico, em que o artista colabora com a natureza, luta com ela ou contra ela, separa-se dela ou volta a ela, vence a resistência dela ou dobra-se às exigências dela”. Essa concepção corresponde ao momento da sociedade ao momento da sociedade industrial, da técnica transformada em tecnologia e da ciência como construção rigorosa do real. “Arte é trabalho da expressão que constrói um sentido novo (a obra) e o institui como parte da cultura”.
O artista é um ser social que reflete na sociedade, para a sociedade, pela sociedade seja para criticá-la, para afirmá-la ou ainda para superá-la e o faz exprimindo-se, expressando-se, comunicando-se através de seu modo de estar no mundo na companhia de outros seres humanos.

Relação entre arte e humano
Também é na Grécia que iniciam as discussões referentes à relação entre o humano/arte/humano. Platão considera a arte conhecimento e essa concepção logo vem ser alterada por Aristóteles, que também sofrerá mudanças no decorrer da história, que considera a arte como atividade prática. Para Platão a arte está no mundo mais baixo do conhecimento, pois, considera imitação das coisas sensíveis sendo elas próprias imitações imperfeitas. Na Renascença, porém, o conceito de Platão volta à tona, mas com um novo sentido: e o que é afirmado então é que a “a arte uma forma alta de acesso ao conhecimento ficando abaixo apenas da filosofia e do êxtase místico”. Essa mudança se deve principalmente porque na Renascença redescobrem-se os escritos Hermético em que diz que o Deus criou o Homem dotado de criatividade o que lhe dá acesso ao conhecimento das formas secretas das coisas. E é justamente no Romantismo é que a arte como expressão encontra seu apogeu quando é concebida como o “órgão geral da filosofia”, sob três aspectos diferentes: para alguns, a arte é a única via de acesso ao universal e ao absoluto; para outros, como Hegel, as artes são a primeira etapa da vida consciente do Espírito, preparando a religião e a filosofia; e outros, enfim, a concebem como o único caminha para reatar o singular e o universal, o particular e o geral, pois, através da singularidade de uma obra artística, temos acesso ao significado universal de alguma realidade. Essa última perspectiva é a que encontramos, por exemplo, no filósofo Martin Heidegger, para quem a obra de arte é desvelamento e desvendamento da verdade.

Funalidades-funções da arte
Na história das artes nos deparamos com duas concepções ligadas às finalidades artística: a concepção pedagógica e a expressiva. Novamente, porém, vamos encontrar raízes profundas na Grécia Antiga onde Platão e Aristóteles encontram formulações: Platão, na República defende que a cidade perfeita é aquela onde são excluídos poetas, pintores e escultores porque “imitam as coisas sensíveis e oferecem uma imagem desrespeitosas dos deuses, tomados pelas paixões humanas;porém, coloca dança e música como disciplinas fundamentais na formação do corpo e da alma”. Aristóteles, na Arte poética, desenvolve de maneira aprofundada o papel pedagógico das artes onde especialmente a tragédia que segundo o filósofo, tem a função de produzir a catarse, ou seja, a purificação espiritual dos espectadores além de proporcionar a comoção e o horror. Essa função catártica é atribuída sobretudo à música. Na Arte poética Aristóteles escreve: A música não deve ser praticada por um só tipo de benefício que dela pode derivar, mas por usos múltiplos, já que pode servir para a educação, para proporcionar a catarse e, em terceiro lugar, para o repouso da alma e a suspensão de sua fadigas. A autora faz então uma ligação entre Aristóteles e Shakespeare quando lemos em O mercador de Veneza ouvimos, segundo Chauí, o ecoar das palavras do filósofo grego:
Todo homem que em si não traga a música
E a quem não toquem doces sons concordes,
É de traições, pilhagens,armadilhas.
Seu espírito vive em noite obscura,
Seus afetos são negros como o Érebo:
Não se confie em homem tal...
A concepção pedagógica da arte reaparece em Kant quando afirma que “a função mais alta da arte é produzir o sentimento do sublime”

Arte e sociedade
As mudanças ou transformações sofridas pelas artes se vistas de maneira mais cuidadosa e atenciosa, mostram que na verdade essas mudanças/transformações, ocorrem apenas de dois tipos: as alterações quanto ao fazer artístico diferenciando-se em escolas de arte conhecidas também como estilos artísticos como pro exemplo o barroco, clássico, romântico, impressionista, futurista, surrealista etc.
As primeiras discussões sobre arte e sociedade trouxeram duas vertentes filosóficas opostas: a primeira afirma que arte só arte se for pura, ou seja, se não estiver compromissada com interesses de outras naturezas que não sejam artísticos como a política, a economia, a história. Trata-se portanto da defesa da “arte pela arte”. A outra vertente defende uma arte engajada, na qual o artista toma posição diante da sociedade e encara o seu ofício como maneira prática de lutar em benefício da sociedade auxiliando na transformação e melhoria da realidade.

Argentino Campos de Melo Neto.