quinta-feira, 4 de junho de 2009

Brilhante texto para Walter Bandeira (Por Edson Farias)



O DIA EM QUE WALTER ...
O enfant terrible resolveu roubar um par de asas! - alguém gritou a notícia via iphone.
Que desespero!
As imagens logo fragmentárias se configuraram na retina do ouvinte perplexo:
“Não quero asas de penas apenas, penas são para aves pobres, a estrela aqui é luxo só... agora serei anjo e que venham os paetês e lamês angélicos”.
O fato ocorreu assim que apagou o último cigarro, havia dado o último trago, assim mesmo com cacófato e tudo, quando resolveu dar uma espiadela nos amigos reunidos longe da cama do Porto Dias. Riu-se o solteirão quando notou a evocação do Pai Nosso em meio a turma bagunceira dos meios do teatro, da dança, da música e do visual.
Que engraçado, jamais se viu um fato provocar uma oração e romper a pauta daquela
congregação.
Walter então se pegou e viu que ninguém o notara, por detrás da porta, apesar de sua
gargalhada de estúdio. A sua anti-presença súbita no grupo de colegas fez com que alguns se emocionassem e compusessem uma rima ao céu, reverente e antes das duas, a pingar suas gotas.
Disse: “fuiii!!!?”
“Bom, não restam dúvidas, agora tenho asas, estou até mais leve... quero ir até o Pedroca,assim, cintilante, feito Sininho a batizar esse meu verde que nunca deixei. E todos esses brilhos são teus paras e matas!”
Um outro desespero se fez lá em cima.
Já não bastasse, a Sobral, o Rui, O Costinha e a Dercy, agora o céu recebia Walter Bandeira.
Isso mesmo!
“Querubins”, gritou Pedro, “mais tampões de ouvidos pro pessoal!”
Que nada, ninguém obedeceu e nem se importava com a irreverência do novo hóspede.
Todos queriam ver e ouvir a voz da amazônia, glamourosa como quê a cantar
New heaven... new heaven theme from..
Ah, o Walter é ótimo!
O Walter é único, sabe né?.. dizem por aqui que ele veio alegrar a entrada da turma do AirFrance...
Tá certo, cheguem pra lá! Agora ele vai cantar.
Silêncio!
Uma eterna nota inacústica cortou o vazio.
Um sorriso maroto pintou as nuvens de prata, enquanto uma piscadela safada imprimia
saudades no peito de quem um dia se encantou por aquela voz...
Voz-glamour, voz de aço e de veludo...
Finalmente, após o arroubo infortúnio a voz brilhada se libertara das amarras da carne apoucada.
A voz mudou-se!
Mudou-se para sempre, para sempre gravada nas lembranças dos CDs que sempre se lançarão
dos ouvidos aos corações daqueles que sempre apreciaram teus vôos, mesmo que sem asas.
Menino Walter, hei, te aquieta... vai agora descansar um pouco, mas não te esqueças de dar nossas lembranças ao menino, homem Jesus...
E não se esqueça de dizer para a mãe dele que rogue por nós, amém.
Adeus!
Edison Farias

2 comentários:

  1. Muito bom o texto. Retrata o verdeiro perfil do Walter. Muito bom mesmo!

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  2. Quem é você? Assine sua postagem para sabermos quem você é. mesmo assim, obrigado por comentar.

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